Disse ainda o Senhor a Moisés: “Diga o seguinte a toda comunidade de
Israel: Sejam santos porque Eu, o Senhor, o Deus de vocês, sou santo.” Levítico
19:1, 2
No século passado, o teólogo alemão Rudolf Otto, ao refletir sobre as
várias manifestações da experiência religiosa, escreveu um pequeno livro que se
tornou um clássico – em alemão, Das Heilige; traduzido para o português, O
Sagrado.
Otto argumentou (corretamente, penso eu) que a ideia mais básica de
religião é o senso do sagrado. Ele cunhou uma expressão em que o som de cada
palavra que a compõe evoca o impacto do Sagrado sobre nós: mysterium tremendum
et fascinans. Misterioso. Tremendo (poderoso). Mas, ao mesmo tempo, fascinante,
que nos atrai.
Em todo lugar e em todas as eras, homens e mulheres elevaram o coração
em adoração a um ser superior. Geralmente essa adoração é ignorante e, do ponto
de vista do cristianismo, infantil e imperfeita. No entanto, Jesus, a Luz do
mundo, brilha no coração dos adoradores e eles O buscam, mesmo de forma imperfeita.
Ao longo da Bíblia, Deus declara Sua santidade e chama Seus seguidores a
ser santos. Em Levítico, Ele nos diz três vezes que devemos ser santos porque
Ele é santo (Lv 11:44, 45; 19:2; 20:7). O Novo Testamento apresenta o mesmo
desafio (1Pe 1:16).
Jamais devemos perder o senso da santidade de Deus. É verdade. Deus quer
ser nosso amigo, mas Ele nunca pode ser um amigo a quem nos dirigimos como
alguém igual a nós. Esse é um erro que às vezes cometem alguns cristãos que
gostam de falar muito sobre a graça. Uma das demonstrações mais tristes que
testemunhei foi a de um pregador que, apanhado na loucura moderna pelo
divertimento, transformou o momento solene no púlpito em um show de comédia. Um
ministro que não sabe fazer distinção entre o sagrado e o profano... Que
tragédia!
Aquele que é santo nos chama à santidade: “Sejam santos”, Ele diz.
Trata-se de um convite e também de um incentivo. O livro de Hebreus nos diz:
“Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade
ninguém verá o Senhor” (Hb 12:14).
Deus está moldando Seu povo, o povo que Ele salvou pela graça, segundo a
Sua imagem. Dia após dia e momento após momento, Ele nos molda segundo a Sua
semelhança divina, na pureza de coração e de vida que é a Sua própria essência.
Que Aquele que é santo alcance Seu
objetivo em nós hoje.